Muita gente que por aqui passa pede-nos a opinião sobre determinado assunto do jogo. Confiam sobretudo na nossa experiência, tão vasta quanto a longevidade deste modo de jogo. Dez edições diferentes de Ultimate Team passaram diante dos nossos olhos, e com todas elas aprendemos muito. Talvez já seja hora de também você conhecer a história de FIFA Ultimate Team.
ANO
O NASCIMENTO | FUT 09 | FUT 10 | FUT 11 | FUT 12 | FUT 13 | FUT 14 | FUT 15 | FUT 16 | FUT 17 | FUT 18
O Início da História de FIFA Ultimate Team
Como tudo começou
Você se lembra de a EA Sports ter os direitos de exploração da imagem da Liga dos Campeões? Se não sabe quem é o Cafú ou a Mulan, é provável que não se lembre. Aconteceu há quase uma década e durou apenas dois anos. Foi tempo suficiente para um primeiro esboço daquilo que viria a ser o modo de jogo mais famoso da história da franquia FIFA. Foi com o ‘UEFA Champions League 2006–2007‘ que nasceu Ultimate Team. Já nesta altura se chamava assim. É também desse tempo o favorecimento aos jogadores das consolas Microsoft. Apenas os proprietários de uma XBox 360 podiam testemunhar essa experiência da EA. Afinal de contas não passou disso mesmo: um teste. Os resultados não foram os esperados e a ideia foi abortada. Mas não para sempre.
A 19 de março de 2009, o Ultimate Team regressou. Para a esmagadora maioria era algo novo. Na realidade, as diferenças eram muitas pelo que estávamos mais perto de um nascimento do que de uma segunda vida. O crescente mercado de venda de itens de jogo e a necessidade de FIFA se inovar para se diferenciar da eterna concorrência, precipitou os acontecimentos. O potencial estava lá, bastava saber explorá-lo. Afinal de contas quem é que resiste à tentação de um jogo que alia um simulador com a sua paixão pelo futebol ? Não havia como falhar. Definiram-se as regras, afinou-se a mecânica de jogo e deu-se vida a Ultimate Team.
FUT 09
A história de FIFA Ultimate Team – Março de 2009 a Setembro de 2009
A EA Sports sabia que tinha entre mãos um diamante por lapidar mas era necessário fazer as coisas de um modo sustentado. Não foi por isso de estranhar que o lançamento de Ultimate Team em FIFA 09 fosse feito através de um DLC (downloadable content) pago. Quem quisesse ser um jogador fundador, título que a editora atribuiu aos primeiros jogadores como forma de agradecimento, teria de pagar. O valor não excedia os dez dólares, algo que convenceu cerca de um milhão de jogadores a experimentar o novo e prometedor modo de jogo. Foi um número muito considerável de registos, tendo em conta que FIFA 09 caminhava para o fim. As expetativas foram tão largamente superadas que a estreia de Ultimate Team ficou mesmo marcada por algo que se viria a repetir ao longo de toda a sua história: os servidores não aguentaram a afluência de jogadores e o jogo crashou. Como vê, há coisas que nunca mudam.
Se pensa que o jogo era muito diferente do que ele é hoje, então está muito enganado. Já havia química, fitness, cartas de treino, contratos, estádios, categorias de jogadores, moeda e muito daquilo que você hoje ainda tem no jogo. Podia construir as suas equipas de sonho à custa das famosas transações no mercado ou através da compra de um dos três pacotes existentes: ouro, prata ou bronze. Não haviam torneios ou épocas, mas já podia jogar offline ou online. As bases do Ultimate Team são as mesmas. Apenas se foram adicionando novas funcionalidades e fazendo pequenas afinações.
FUT 10
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2009 a Setembro de 2010
A segunda versão de Ultimate Team não foi lançada de raíz com o jogo. Anunciada em dezembro de 2010 e apenas disponibilizada, através de um DLC, dois meses depois, continuou a ser um exclusivo para as plataformas Playstation 3 e XBox 360. A lealdade dos fundadores foi premiada com dois pacotes de ouro, algo que se viria a repetir ano após ano.
FIFA 10 trouxe algumas novidades a Ultimate Team que visaram torná-lo mais atrativo. A começar pelo preço, reduzido a metade. A loja passou também a contar com pacotes premium, com o triplo das cartas raras, e diversificaram-se os modos de jogar através da introdução dos torneios. FUT 10 sofreu muitas outras pequenas alterações, fruto da análise que a editora fez da versão do ano anterior. Um bom exemplo disso tem a ver com o que acontecia aos jogadores que ficavam sem contratos. Na primeira versão, a carta tinha de ser descartada, o que não fazia muito sentido. Em FUT 10, o jogador podia continuar a ser utilizado se lhe fosse aplicada uma carta de contrato. Foi também nesta versão que o Ultimate Team perdeu um pouco a imagem que tinha associada às cadernetas de cromos. Passou a ser possível armazenar um ilimitado número de jogadores, staff, equipamentos, emblemas e estádios e foi criada a famosa seção ‘watch list‘, que permitia o fácil rastreio das cartas nas quais fosse mostrado interesse.
Porém, não foram estas as maiores novidades do jogo. Para FUT 10 estava reservado algo que iria mudar o jogo para sempre: as cartas Em Forma. Foi neste ano que foram lançadas as primeiras equipas da semana. Elas tiveram o dom de tornar o jogo dinâmico, estreitando a distância entre o futebol real e virtual, e aumentaram as possibilidades de melhoramento das equipas tornando assim o jogo interessante ao longo de toda a época.
A mais surpreendente inovação foi no entanto outra. A FUT Web App foi muito bem recebida na altura e fez aumentar exponencialmente o número de transações no mercado de transferências pois graças a ela Ultimate Team deixava de ser um jogo de consola. Em qualquer lado onde houvesse um PC, era possível melhorar a nossa equipa.
FUT 11
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2010 a Setembro de 2011
Após dois meios anos de testes, a EA tomou a decisão mais inteligente da história de FIFA Ultimate Team. Pelo menos para os seus bolsos. Percebeu que ao tornar o jogo gratuito conseguiria atrair muitos mais fãs, muitos deles consumidores de pacotes. Foi isso que aconteceu. O jogo foi disponibilizado novamente através de um ficheiro descarregável mas muito mais cedo do que nos anos anteriores. Afinal de contas, quanto mais cedo fosse lançado, mais pacotes se vendiam. Novembro de 2010 marcou o início dessa aposta coroada de sucesso. O número de jogadores triplicou e as receitas acompanharam o seu crescimento. Era o fim de uma era de culto de Ultimate Team. Todos podiam agora formar as suas equipas de sonho que passavam muitas vezes por incluir um imparável Messi na ala direita (primeiro jogador a atingir quatro cartas TOTW) ou por uma máquina de golos formada pela dupla Drogba e Wayne Rooney.
O realismo dado ao jogo no ano anterior com as cartas TOTW, agora diferenciadas das correspondentes NIF pela sua cor preta, prosseguiu em FUT 11 com a atualização das cartas dos jogadores transferidos para outros clubes, nos mesmos moldes em que ainda hoje acontece. Deste modo multiplicavam-se as combinações de equipas possíveis, prendendo os jogadores a Ultimate Team por mais alguns meses.
Mas para quê montar equipas de sonho se depois não dava para mostrá-las aos amigos ? A EA Sports respondeu a esta pergunta com duas novidades. A primeira, alargando os modos de jogar aos desafios com os amigos. Pela primeira vez na história de FIFA Ultimate Team, você podia escolher contra quem queria jogar online. Se dúvidas houvessem sobre o valor das equipas, o novíssimo Leaderboards desfazia-as. Foi a maneira encontrada pela EA para espicaçar alguns jogadores que levavam o seu orgulho muito a sério e ao mesmo tempo para dar alguma transparência ao jogo.
FUT 12
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2011 a Setembro de 2012
2011 marcou a história de FIFA Ultimate Team. Foi nesse ano que ele se afirmou definitivamente. Ao contrário do que aconteceu nos anos anteriores, desta vez foi lançado logo de início, integrado no próprio disco de FIFA 12. Pela primeira vez, não era necessário descarregar um ficheiro para ter acesso a Ultimate Team. Ele passava a pertencer ao jogo, a fazer parte dele. Este foi um importante passo para que muitos novos jogadores o experimentassem. Mas a EA Sports queria mais. Alargou o Ultimate Team à plataforma PC, atingindo assim os 6,7 milhões de jogadores em todo o mundo.
Uma das chaves para o sucesso esteve na visão que a EA Sports teve em saber como viciar a sua audiência. Perceberam que os jogadores de Ultimate Team não eram jogadores normais. Eles procuravam aliar os seus conhecimentos e paixão pelo futebol real ao jogo. Foi por isso que a editora decidiu introduzir novas cartas Em Forma. E não foram poucas. Foram muitas. Primeiro foram as cartas TOTY, azuis, que destacavam os melhores jogadores do ano. Depois foram as cartas TOTS, também azuis, dedicadas aos melhores da época. Saíram seis. Dividiram a Europa em Norte e Sul, deram duas aos mais consistentes e atribuíram as outras duas às ligas de Espanha e de Inglaterra. Pouco depois surgiram as laranja. Messi que até já tinha ganho uma destas cartas MOTM, foi ainda presenteado com a melhor carta da história de FIFA Ultimate Team. Mais uma vez azul, mas com stats imbatíveis. Afinal, para fins solidários vale tudo. FUT precisava de ainda mais cor, e antes de chegar FIFA 13 estreou-se outro tipo de cartas: as iMOTM. O Euro 2012 apadrinhou a sua estreia, naquela que viria a ser uma vida conturbada. Passaram de roxas a verdes e em FIFA 15 como que desapareceram. Quem surgiu pela primeira vez foram as famosas cartas UP, conferindo ao jogo uma atualidade com o mundo real.
Com tantas cartas novas, o jogo tornou-se ainda mais complexo. Como admitiu o próprio produtor Marcel Kuhn, “toda a gente sabe sobre o que trata o modo carreira mas explicar Ultimate Team numa frase é quase impossível“. Foi a altura ideal para surgirem websites especializados no assunto, como o nosso FIFAUTeam ou a popular base de dados FUTHead, que embora na altura já existisse tomou uma aparência muito mais profissional durante o período de vida de FUT 12. Foi também neste ano que passou a ser possível participar em mais do que um torneio ao mesmo tempo e receber notificações instantâneas sobre o resultado de um leilão em particular.
FUT 13
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2012 a Setembro de 2013
O início de FUT 13 aconteceu na Web App alguns dias antes do jogo chegar às prateleiras das lojas. E não podia ter sido de pior forma. A história de FIFA Ultimate Team ficará para sempre marcada por este momento. Uma falha de segurança permitiu que fosse possível adquirir moedas de modo ilimitado. A economia do jogo estava comprometida e a EA Sports mostrava verdadeiramente pela primeira vez que não era suficientemente competente para blindar o jogo a batotas. Posteriormente, situações deste tipo viriam a repetir-se várias vezes debilitando a imagem de um jogo que, até à altura, se aproximava da perfeição.
Apesar de tudo, 2012 até foi um bom ano para Ultimate Team. A introdução do modo épocas, repartido por cinco divisões, captou jogadores que até à altura preferiam jogar o modo Seasons. Órfã de torneios e de jogos um para um, a comunidade acolheu com muita satisfação esta novidade responsável pelo aumento da competitividade do jogo e pelo crescimento do número de jogadores até aos 11 milhões. Captar mais público continuava a ser a palavra de ordem nos corredores dos escritórios da gigante norte-americana. Aumentou-se a publicidade do modo de jogo, através por exemplo do lançamento das cartas de jogadores profissionais, criaram-se tutoriais dentro do mesmo e premiou-se com pacotes de ouro a aprendizagem das recém-criadas Tarefas do Manager. Ultimate Team não parava de crescer.
Mais público era sinónimo de mais pacotes vendidos e consequentemente de mais lucro. Era preciso tornar a compra de pacotes ainda mais fácil e a EA provava que, pelo menos neste aspeto, não estava distraída: substituiu os antigos métodos de pagamento pelos muito mais cómodos FIFA Points. Era o fim de uma era. E dos Bid Tokens, também.
A palavra globalização ganhou um novo sentido em FUT 13. Já era possível gerir uma equipa no PC, através da Web App, mas agora passava a ser possível fazê-lo também num dispositivo móvel. Ultimate Team podia ser jogado literalmente em qualquer lado. Primeiro foi a vez dos equipamentos com iOS. Depois dos dispositivos com Android. E um ano mais tarde, finalmente, FUT chegou ao Windows Phone.
A história de FIFA Ultimate Team é feita de grandes inovações mas também de contínuos melhoramentos anuais. Foi em FIFA 13 que, por exemplo, passou a ser possível defrontar a equipa da semana ou resgatar itens do catálogo da EAS FC. Os menus intuitivos e modernos vieram também para ficar.
FUT 14
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2013 a Setembro de 2014
2013 viu nascer as consolas de nova geração. E com elas um acordo entre a EA Sports e a Microsoft que dava aos jogadores com XBox a possibilidade de jogarem, em exclusivo, com alguns dos melhores futebolistas da história. Se tivessem moedas para isso, claro. Caso contrário podiam sempre vê-los no papel de adversários. Esta edição é também recordada por outra das introdução mais bem sucedidas na história da franquia. Com efeito, o modo Copa do Mundo ainda hoje é lembrado com saudosismo por quem teve a sorte de o jogar.
O outro grande anúncio para FUT 14 foi batizado de ‘Estilos de Química‘. Efeito placebo ou não, os jogadores passaram a poder definir quais os atributos bonificados pela química. Esta novidade foi muito popular na altura mas à medida que os anos passam promete vir a ter tanta importância como a escolha do capitão da equipa. Ou seja, virtualmente zero.
FUT 14 ganhou nas possibilidades de personalização, com a definição dos números das camisolas e dos marcadores dos lances de bola parada, mas também na diversidade dos modos de jogo: os Online Single Match regressaram e as épocas foram alargadas a 10 divisões. Ou seja, vencer a primeira divisão passou a ser um feito aparentemente mais merecedor de comemoração.
Como reflexo da sua maturidade, este foi o ano em que menos alterações significativas foram introduzidas no jogo. Cumprindo a velha máxima de que em equipa que ganha não se mexe, a produtora cingiu-se sobretudo a pequenos ajustes. Redesenhou o cálculo da química, criou as cartas de ligas do manager, melhorou os filtros de pesquisa permitindo a procura diretamente pelo nome do jogador e reformulou as regras dos upgrades para jogadores com cartas Em Forma. Mais importante ainda: aboliu as cartas de táticas e a moral dos jogadores. O jogo ficou mais clean e a comunidade agradeceu. Já eram mais de 20 milhões.
FUT 15
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2014 a Setembro de 2015
A crescente popularidade de Ultimate Team foi fortemente abalada em FIFA 15 por uma pseudo-guerra entre a produtora e os vendedores de moedas e de autobuyers. Os efeitos colaterais, esses sobraram para o consumidor. A Web App e a Companion App encerraram portas antes que meia época estivesse sequer cumprida. Já o mercado ficou irremediavelmente afetado por uma inflação nunca antes vista e pela introdução dos Price Ranges, que mais não fizeram do que extinguir muitas das melhores cartas. Quando se descobriu nova falha de segurança, muitos vaticinaram a morte deste modo de jogo mas FUT ainda está para durar.
O empréstimo de jogadores, através do catálogo da EAS FC, foi uma das novidades de FIFA 15. Toda a gente pôde experimentar jogar por cinco jogos com as maiores estrelas da história do futebol, como Pelé, Messi e… Sturridge. A quantidade de jogadores com qualidade aumentou significativamente, não só devido às novas lendas que se juntaram às anteriores mas também como resultado dos constantes lançamentos de cartas Em Forma. Nunca na história de Ultimate Team tinham sido lançadas tantas Happy Hours e cartas coloridas. Tantas que até conseguiram inventar novos tipos de cartas IF: os Heróis e os FUTTIES. A adição destas cartas roxas deixou transparecer uma clara e preocupante falta de ideias. É importante que o caminho de Ultimate Team continue a ser traçado por passadas firmes e seguras e não por sucessivas experiências. Quanto às rosa, só o tempo dirá se foram uma boa aposta ou não.
Foi em FIFA 15 que o atributo cabeceamento foi substituído pelo físico e que se introduziram as épocas amigáveis. Jogar com os amigos passou a ser mais agradável e desafiante, graças à implementação de um histórico dos confrontos entre ambos. Para quem estava habituado a projetar equipas em squad builders, a EA Sports ofereceu uma alternativa: os Concept Squads. Diretamente a partir do jogo, passou a ser possível construir a equipa de sonho mesmo que não tenhamos moedas para comprá-la. Copiar, partilhar e gostar de outras equipas que não as nossas foi uma das novas funcionalidades menos notadas pela comunidade. Mais visíveis foram as novas instruções aos jogadores que prometeram muito mas que cumpriram pouco. Afinal de contas, para que serve algo que não pode ser salvo ?
FUT 16
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2015 a Setembro de 2016
FIFA 16 foi o ano em que a Electronic Arts decidiu afinar algumas das coisas que não estavam bem. Sim, apenas algumas pois os servidores mantiveram-se a funcionar de um modo sofrível e as táticas rápidas continuaram a não poder ser salvas. Com a experiência adquirida no ano anterior, os price ranges voltaram a ser implementados mas desta vez com um espetro mais largo que permitisse que ainda assim o mercado fosse funcionando. Por outro lado, o combate às trapaças e aos vendedores de moedas teve um desenvolvimento muito original: em vez de se resolverem os problemas de raíz, colocaram-se todos os males nas três plataformas ‘pobres’ e dividiu-se o mercado em cinco, para que não houvesse contágio entre as super protegidas PS4 e XBox One, e as restantes.
Em novidades propriamente ditas, FUT 16 deixou muito a desejar. Muita cosmética e poucas funcionalidades. Tal como todos os anos, foi alterado o layout das cartas, atualizada a animação de abertura de pacotes e adicionadas mais algumas lendas. Mais algumas lendas e o Alexi Lalas. Passou também a ser possível filtrar no mercado de transferências por cartas IF, o que nem nos daríamos ao trabalho de aqui escrever se não tivessem existido tão poucas inovações. Nem mesmo nas inúmeras novas cartas que costumam ser lançadas a EA foi criativa. Criou as pouco populares Classic International Heroes, uma espécie de lendas para agradar a um nicho de jogadores demasiado jovem para saber quem foi o Ruud Gullit, e uma muito tímida Team of the Group Stage da Champions League.
A grande aposta do ano acabou por ser o modo de jogo FUT Draft. Nele, os jogadores testam as suas habilidades de montagem de um elenco, escolhendo as melhores opções para cada posição entre cinco jogadores aleatórios e desafiando oponentes em séries de até quatro partidas. A boa recetividade que a comunidade demonstrou, parece ter indicado o rumo a seguir nos anos seguintes: criar novos modos de jogo que fixem os jogadores ao Ultimate Team, aproximando-o da complexidade e da diversidade dos Ultimate Team das outras franquias da EA. Ironicamente, o sucesso do modo FUT Draft, reconhecido como o sucesso do ano, era baseado na super complexa mecânica da química. Tão complexa que basicamente não funcionava. Foi isso que se descobriu na segunda metade da época, naquilo que acabou por ficar conhecido como a Chemgate. Aquilo que tornou este glitch no maior da história de FIFA Ultimate Team foi o facto de ele ser transversal a todas as edições anteriores do jogo. Os estilos de química não passavam de meros efeitos placebo e em muitos casos as cartas NIF eram melhores que as correspondentes IF, lesando milhões de jogadores que investiram o seu dinheiro em busca de melhores cartas. Como é que tudo isto foi resolvido? Fez-se silêncio, saiu FIFA 17 e mais ninguém se lembrou.
FUT 17
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2016 a Setembro de 2017
A promoção do vigésimo quarto título da série foi feita sobretudo em torno da estreia do modo história, batizado de ‘A Jornada’. Porém, foi no Ultimate Team que foram implementadas as novidades mais do agrado da comunidade. A aceitação dos modos FUT Champions e Squad Building Challenges foi de tal modo boa que superou as próprias expetativas da Electronic Arts. A primeira assume-se como um investimento muito forte no sentido de elevar o jogo à categoria de eSport, numa altura em que a competição profissional no mundo dos videojogos está em franco desenvolvimento. Os torneios temáticos deram lugar às eliminatórias de qualificação para as Weekend League e os melhores jogadores de fim de semana apuraram-se para torneios presenciais cujos vencedores ganham o direito de participar na FIWC e conquistar consideráveis prémios monetários. Já os Desafios de Montagem de Elenco, em que os jogadores são convidados a submeter equipas de acordo com uma série de requisitos específicos, vieram preencher um vazio que existia relativamente a modos de jogo vocacionados para os jogadores com um perfil mais hard core. Além disso, animaram um mercado de transferências que nos anos anteriores parecia previsível e pouco concorrido.
FIFA 17 fica também marcado por ter sido o ano em que mais novos tipos de cartas foram criados. Entre o lançamento das Ultimate Scream, que oferecem upgrades temporários, e as do dia de Independência dos Estados Unidos da América, foram lançadas as Movember, Group Stage, POTM, POTY, três variantes da MOTM, FUT Champions, Squad Building Challenge e até uma de Alex Hunter que transita do modo história e que ninguém quer usar. Ou seja, foram mais as cartas que fizeram a sua primeira aparição neste ano do que as que tinham sido lançadas nas oito edições anteriores. De fora desta contabilidade deixamos as Ones to Watch, cartas pretas atribuídas a duas seleções de jogadores cujas caraterísticas são em cada momento iguais às das suas melhores cartas TOTW.
Ultimate Team ganhou novo fôlego com FIFA 17 e com os modos de jogo introduzidos no mesmo. Nunca o mercado foi tão complexo e o jogo tão competitivo. Além disso, cada ocasião é transformada pela EA num evento para venda de pacotes. Parece que a gigante norte-americana encontrou a fórmula para o sucesso…
Vídeos de apresentação dos modos FUT Champions e Squad Building Challenges em FIFA 17 Ultimate Team
FUT 18
A história de FIFA Ultimate Team – Setembro de 2017 a Setembro de 2018
FIFA 18 foi provavelmente uma das edições com menos inovações na história de FUT. As coisas correram bem à EA no ano anterior e, por esse motivo, decidiram ser cirúrgicos nas alterações realizadas. Lionel Messi foi substituído por Cristiano Ronaldo na capa do jogo, mas a fórmula para o sucesso manteve-se.
Tal como Alex Hunter, que voltou para uma segunda época, também o modo FUT Champions fez a sua segunda aparição. O modo competitivo foi reestruturado mas as mudanças na Weekend League foram mínimas. Os jogadores continuaram a ter de fazer 40 partidas por fim de semana para conseguirem uma carta especial do Naldo ao fim de um mês. Para quem não gosta de jogar online, a EA introduziu um modo de jogo alternativo: o Squad Battles, também conhecido por FUT Champions single player. Nele os jogadores competem contra outras equipas da comunidade em busca de recompensas. Uma vez por semana, também lhes é permitido enfrentar equipas de jogador profissionais de futebol e de FIFA, assim como celebridades.
Em FIFA 18 Ultimate Team, as lendas foram substituídas pelos Ícones. O conceito manteve-se – jogar com os melhores da história – mas passou a ser também possível fazê-lo nas plataformas PC, Playstation 4 e Nintendo Switch (sim, FUT foi lançado pela primeira vez para esta consola!). A lista de jogadores foi atualizada, cortando-se muitos nomes mas juntando-se outros muito populares, como Ronaldo Nazário, Diego Maradona, Ronaldinho, Thierry Henry e Lev Yashin. Owen continuou lá. Outra diferença foi o Stories, que liberou três versões distintas de cada Icon, representativas de cada época das suas carreiras.
Outra funcionalidade que abandonou a franquia foi as Tarefas do Manager. No seu lugar surgiram os objetivos iniciais, diários e semanais, que premiaram os jogadores por completaram tarefas de gestão da equipa ou desafios in-game. FUT 18 será também recordado por ter sido o primeiro em que uma TOTY não foi escolhida pela FIFPro, por ter estreado as cartas Path to Glory, por dar boosts às cartas Scream a cada lua cheia e, principalmente, pela experiência da Copa do Mundo.
Se quiser matar algumas saudades das edições anteriores de Ultimate Team, recomendamos que assista ao seguinte vídeo:
Parabéns por mais um conteúdo de qualidade. Jogo desde o ultimate do fifa 12 e me identifiquei com várias passagens do texto. Só senti falta de ler sobre o modo da copa do mundo em fifa 14, foi bem diferente e trouxe o Maracanã para o ultimate.
Aprecio bastante o trabalho de vocês.
Obrigado pelo seu comentário. Com efeito, não fazia sentido falar da história de FUT sem fazer uma referência ao modo Copa do Mundo. Já atualizamos o texto para inclui-lo.
A impressão que eu tenho, é que o FIfa se torna uma aberração maior e maior a cada ano que passa. Tudo fica maravilhosamente desenhado, muito bem feito e bem pensado, no Fifa 17 e 18, o jogo ganhou uma profundidade incrível com a WL e com SBC, enfim, tudo lindo, gráfico ótimo com a engine Frostbite… e quando a bola rola, que decepção!! Um jogo quebrado, cheio de bugs ou favorecimentos ou manipulações ou glitchs ou na maioria dos casos, tudo junto. Hoje vejo o quanto eu jogo de Fifa e lembro com pesar do quanto eu jogava e me divertia.
Consegui meu objetivo de Fifa 18 apenas com trade. Se chama Ronaldo Fenomeno. E pela primeira vez, desde 1994, de fato, não comprarei o 19 se não mudar **profundamente**
Parabens pela matéria, Rodrigo.
Obrigado Caio. Sempre bom vê-lo por aqui.
Bela História contada magnificamente pelo Rodrigo Lopes do ‘nosso’ Fifa e Ultimate Team de ‘todos os dias’.
Apenas temos que lamentar que o jogo que nasceu para ser um simulador autêntico do maior esporte do planeta que alia paixão e emoção, hoje seja um verdadeiro caça-níqueis para a EA Sports.
Continuamos apaixonados pelo futebol-arte e pelo Ultimate Team, porém poderia ser muito melhor nossa experiência in game se a empresa canadense não voltasse todos os seus esforços para o lucro puro e simples.
Ela poderia dispor apenas de 10% do seu faturamento líquido para arrumar os servidores e acabar com os bugs e glitches e tornar a abertura de packs menos previsível (nunca tiramos nada razoável) e aumentar a probabilidade de tirar um jogador acima de 86 para todos os players/consumidores do FUT.
Abraços e parabéns Rodrigo por essa excelente história!!!
Obrigado Mário.